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O Cabo Mondego insere-se no contexto da Bacia Lusitânica e localiza-se no bordo ocidental da Serra da Boa Viagem (latitude 40º 11´ 3´´ N, longitude de 08º 54´34´´W), aproximadamente a 6 km a noroeste da Figueira da Foz.

Classificado como Monumento Natural, desde 2007, constitui, sem dúvida, um dos testemunhos mais importantes para a compreensão da história geológica de Portugal; representa, de forma particularmente completa, alguns dos mais importantes episódios da história da Terra ocorridos durante o Jurássico, para um intervalo de tempo que se situa aproximadamente entre os 185 e os 140 milhões de anos, o que justifica, a nível internacional, a relevância da sua classificação, conservação e divulgação.

O afloramento compreende uma série de sedimentos marinhos e fluvio-lacustres que se estendem desde o Toarciano Superior até ao Titoniano. Este registo, nalguns níveis, é particularmente contínuo e rico de informações paleontológicas, sedimentológicas e paleomagnéticas, que se associam a excecionais condições de observação. Inclui níveis com as mais antigas pegadas de megalossaurídeos (dinossauros bípedes e carnívoros) descritas em Portugal e cuja primeira referência data de 1884.

No acervo patrimonial do Jurássico do Cabo Mondego incluem-se representações singulares de indiscutível valor científico, que resultaram da atuação de vários processos geológicos, desde os que se prendem com a génese de estruturas sedimentares típicas de distintos ambientes deposicionais (marcas de ondulação, fendas de dissecação, depósitos tempestíticos, figuras de canal), a processos tafonómicos que originaram associações de fósseis acumulados, ressedimenatados e reelaborados.

O registo fóssil do Jurássico do Cabo Mondego inclui macrofósseis (lamilibrânquios, gastrópodes, bivalves, braquiópodes, plantas, peixes, crinóides, corais, ostreídeos, belemnóides e amonóides), microfósseis (foraminíferos e nano-plâncton calcário) e icnofósseis, além disso, no Cabo Mondego é possível reconhecer eventos relevantes, quer à escala bacinal (ao tempo da abertura do Oceano Atlântico), quer à escala global (estabelecimento do GSSP - Global Stratotype Section and Point do Bajociano e do ASSP - Auxiliary Stratotype Section and Point do Batoniano).

O Cabo Mondego é também local profícuo em fósseis de plantas. A descoberta de diversas folhas permitiu a definição até de uma nova espécie vegetal, Baiera vianna, dedicada a António Vianna.

 

Fonte: Câmara Municipal da Figueira da Foz